Cravos pautam exibição dos "verdadeiros heróis"
Alguns correm em vez de marchar. Outros sentam-se no chão enquanto aguardam para dar o passo seguinte. Quase ninguém canta, apesar da insistência dos adultos. "É normal", avalia o responsável pela Marcha Infantil, Vítor Agostinho, com um sorriso paternal. Afinal, na Sociedade de Instrução e Beneficência "A Voz do Operário", a intenção é que os pequenos marchantes sejam crianças e não adultos em miniatura.
"Eles é que são os verdadeiros heróis", sublinha o também ensaiador, lembrando que os 48 marchantes com idades entre os seis e os 12 anos que compõem o grupo estão já no final do ano letivo e, mesmo assim, não desistem de, após um dia inteiro de aulas, repetir durante mais de uma hora a coreografia que vão apresentar extraconcurso.
A menos de uma semana da exibição, amanhã, no Meo Arena, fazem-no utilizando já alguns adereços, com destaque para os cravos de papel que, aqui e ali, vão passando de mão em mão. A escolha da flor não é um acaso - em ano de celebração do 40.º aniversário do 25 de Abril, será este o tema do conjunto infantil. "É a continuação de algo que tem vindo a ser desenvolvido pelas escolas", sustenta Vítor Agostinho.
A vertente pedagógica é, de resto, um dos traços tradicionalmente mais marcantes da marcha que, mais uma vez, vai abrir os desfiles no pavilhão e na Avenida da Liberdade. "A ideia é que continuem pelo menos a gostar das marchas populares da nossa cidade", remata o responsável, antes de uma última repetição da coreografia. O ensaio é a sério, mas a traquinice infantil acaba sempre por levar a melhor sem que ninguém leve a mal.